Núcleo | Conjunto Moderno da Pampulha

Núcleo | Conjunto Moderno da Pampulha

As nações americanas, recém libertas de suas colônias, sentem a necessidade de buscar identidades próprias, no início do século XX. Interessam-se por características que se aproximem da riqueza cultural popular e de sua formação interétnica. Pensar o moderno e a modernidade na arquitetura, no Brasil, foi construir utopias sobre uma nação pluriétnica. 

As referências às lições de Le Corbusier, deixando livres a planta e a fachada, usando jardins suspensos e quebra-sóis (brises-soleils), encontram jovens arquitetos, como Oscar Niemeyer, que não só incorporaram tais ensinamentos, como trataram de adaptá-los às situações locais, sobretudo em observação às características geográficas tropicais.

O Conjunto Moderno da Pampulha foi constituído em cinco edifícios: a Igreja de São Francisco de Assis (atual Santuário Arquidiocesano São Francisco de Assis), a Casa do Baile, o Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), o Iate Clube e o Golf Club (hoje, Jardins Zoológico e Botânico de Belo Horizonte). As formas em curva, projetadas por Niemeyer, frente aos ângulos retos da arquitetura europeia, deixam interior e exterior em diálogo constante. Através de grandes panos de vidro, em edifícios suspensos por pilotis, percebe-se a liberdade conquistada pela recente inserção do concreto armado, possibilitando desenhos arquitetônicos sinuosos.

As construções datam do início dos anos 1940 e promovem um raro encontro entre arte, arquitetura e paisagismo. Os jardins de Roberto Burle Marx valorizam vegetações consideradas comuns, promovendo o inusitado e contrastante encontro de cores com a exuberância dos movimentos angulares das plantas.

Os painéis de Candido Portinari reelaboram cenas clássicas, passagens bíblicas, agora com diagonais cubistas. Os azulejos de Paulo Werneck se aproximam de sentidos abstratos na construção de formas e no uso de um azul celeste, cuja perspectivação com o céu guarda destacada harmonia.

Pensar o Conjunto Moderno da Pampulha, na atualidade, é redobrar a atenção quanto à sua destinação pública, entregando à cidade os interesses sociais da arte e da cultura, para que o Patrimônio Mundial (título recebido em 2016), continue a fazer sentido, dia após dia.

 

[English]

The American nations, recently freed from their colonies, felt the need to seek their own identities at the beginning of the 20th century. They are interested in characteristics that approach the richness of popular culture and their multiethnic formation. Thinking about the modern and modernity in architecture, in Brazil, meant building utopias regarding a multiethnic nation.

References to Le Corbusier’s lessons, allowing freedom in both the floor plan and the facade, using suspended gardens and sunshades (brise-soleils), resonated with young architects like Oscar Niemeyer. They not only incorporated such teachings but also adapted them to local situations, especially considering the tropical geographical characteristics.

The Pampulha Modern Complex was made up of five buildings: the Church of São Francisco de Assis (currently the Archdiocesan Sanctuary of São Francisco de Assis), the Ball House, the Casino (now the Pampulha Art Museum), the Yacht Club, and the Golf Club (now the Belo Horizonte Zoo and Botanical Gardens). Niemeyer’s curved forms, in contrast to the right angles of European architecture, engage in constant dialogue between the interior and exterior. Through large glass panels in buildings supported by pilotis (columns), one can see the freedom achieved through the recent use of reinforced concrete, enabling sinuous architectural designs.

The buildings date back to the early 1940s and promote a rare encounter between art, architecture, and landscaping. Roberto Burle Marx’s gardens enhance vegetation considered ordinary, creating an unusual and contrasting interplay of colors with the angular movements of the plants.

Candido Portinari’s panels rework classic scenes and biblical passages, now with cubist diagonals. Paulo Werneck’s tiles approach abstract meanings in the construction of shapes and the use of a celestial blue, whose perspectivation with the sky exhibits remarkable harmony.

To reflect on the Pampulha Modern Complex, today, is to increase attention to its public purpose, handing over to the city the social interests of art and culture, so that the World Heritage Site (a title received in 2016) continues to make sense, day after day.

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