A instalação digital e interativa

Do diálogo entre linguagens, artistas e culturas nasceu “Gemini”, história em quadrinhos  de Rogi Silva e Clémence Bourdaud”, realizada numa parceria entre a Aliança Francesa e a Casa Fiat de Cultura. Na exposição, a HQ, fruto do diálogo criativo entre os dois artistas – ele, brasileiro, e ela, francesa –, é transportada para uma instalação digital e interativa, na qual o público é convidado a fazer uma imersão na história e conhecer uma nova perspectiva de narrativa. A mostra integra o Festival Liberté e antecipa a programação do Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ). A exposição fica em cartaz na Casa Fiat de Cultura e pode ser vista presencialmente de 14 de julho a 14 de agosto de 2022, com entrada gratuita. 

Rogi Silva é um dos nomes mais promissores da nova fase do quadrinho brasileiro. Clémence Bourdaud é uma quadrinista independente francesa que também trabalha com ilustração. Juntos, eles participaram de uma residência artística em Nantes, na França, e lá desenharam de maneira metafórica suas experiências. O resultado foi uma obra inovadora: além de contar com as estruturas básicas da HQ, como onomatopéias e as metáforas visuais, sons, movimentos e técnicas de animação foram adicionados à obra, que assume a forma de um quadrinho deslizante. Com projeção e captores de movimento, “Gemini” também permite que o visitante interaja com a obra, proporcionando uma experiência de imersão a todos que quiserem entrar na história.

Para criar essa experiência ao público, “Gemini” contou com a criação visual de Matthias Rischewski (Escola de Design de Nantes), Mickaël Lafontaine (criação vídeo & interatividade da instalação digital), Laurent La Torpille (criação de som) e Sylvain Favardin (design do quadrinho digital). “Ficamos muito satisfeitos porque criamos um webquadrinho interativo, mas que conserva o espírito da HQ tradicional”, observa Rogi Silva. 

A narrativa começa com o Dia da Festa Nacional Francesa em evidência, data homenageada no Festival Liberté da Aliança Francesa. Depois de ter comemorado o dia 14 de julho, uma mulher dorme ao som dos fogos de artifício e sonha com suas próprias silhuetas. Elas dançam e se divertem juntas, até que um dos perfis foge para o mundo real. 

“Gemini” não conta diálogos ou uma trama como guia. “Optamos por destacar o espírito de liberdade, não de forma literal e sim, subjetiva. Também acrescentamos à cena elementos de Recife e de Nantes, cidades que são tidas como gêmeas por suas semelhanças arquitetônicas e históricas. Além disso, repensamos a ideia de que a história precisa de ter começo, meio e fim, por isso deixamos o final em aberto, dando espaço para que o público faça suas próprias reflexões”, comenta Rogi. 

A mostra inclui, além da instalação “Gemini”, reproduções de desenhos dos livros “Jardins de coisas ferozes”, “Não tenho uma arma”, “Pumii do vulcão”, “Aterro”, “Mergulhão” e “Confissão a Esfinge”, de Rogi Silva.

A instalação digital e interativa “Gemini” na capital mineira é uma realização da Aliança Francesa de Belo Horizonte e do Serviço de Cooperação e Ação Cultural da Embaixada da França em Minas Gerais, em parceria com a Casa Fiat de Cultura e com o Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte, com o apoio do Institut Français. 

A mostra integra a programação do Festival Liberté, que tem como tema a Liberdade, inspirado na tríade – “Liberté, Égalité, Fraternité” -, lema que se tornou conhecido na Revolução Francesa e que também figura a bandeira de Minas Gerais. Todos os anos a Aliança Francesa realiza uma série de atividades em julho em função da Festa Nacional Francesa, celebrada na França em 14 de julho, data da Queda da Bastilha.