Autorretrato Sensorial

Autorretrato Sensorial é o segundo livro do fotógrafo Edu Monteiro. Lançado pela editora Pingado-prés, com texto do curador Bernardo José de Souza, a publicação traz mais uma ficção pessoal do artista, cujo impulso surgiu quando o fotógrafo viu uma máscara sensorial da artista plástica brasileira Lygia Clark. Com ela, veio a vontade de experimentar, manusear, vestir aquele objeto de sensações e autoanálise, proposto pela artista. Edu começou então a criar suas próprias máscaras, não só inspiradas empoéticas utilizadas por Lygia, mas também em diferentes artistas ao longo da história da arte, que de alguma forma marcam sua memória. Inspirado nessa proposta, Monteiro produz autotransformações, só que em vez de usar os corpos dos outros, como faziam Clark e Oiticica. Ele oferece seu próprio corpo e mente a experiências semelhantes com as que Lygia trabalhava no “arquivo de memórias” dos seus pacientes: os seus medos e fragilidades, através do sensorial.

O livro reúne diversas fases desta série desenvolvida há seis anos, quando Edu Monteiro fez a primeira exposição no FotoRio 2009. Desde então, foram diversas exposições no Brasil e no exterior que sempre traziam imagens novas e agora encontram-se reunidas em uma mesma publicação. O livro traz também uma série inédita de máscaras desenvolvidas na China, chamada “noite chinesa” que foi realizada quando o fotógrafo expôs Autorretrato Sensorial no Lianzhou Foto Festival em novembro de 2014. Nestas imagens Edu utilizou objetos e materiais que dialogam com a cultura local. O curador Bernardo José de Souza, comenta o trabalho do fotógrafo “de uma forma ou de outra, a carga política é intrínseca ao trabalho de Monteiro, quer seja nas mutações orgânicas que suscitam discussões ecológicas, quer naquelas em que o consumo se sobrepõe ao indivíduo, modificando suas feições, como que se houvesse adulterado sua carga genética”, pontua Bernardo José de Souza