Construções Afetivas: Nello Nuno e Eliana Rangel na Casa Fiat de Cultura

Construções Afetivas: Nello Nuno e Eliana Rangel na Casa Fiat de Cultura

É a primeira exposição a reunir obra dos dois irmãos e grandes artistas mineiros, com exemplares de toda sua trajetória artística

A partir de 6 de março de 2018, a exposição “Construções Afetivas: Nello Nuno e Eliana Rangel na Casa Fiat de Cultura” reunirá, pela primeira vez, a obra destes dois irmãos, nascidos em Viçosa (MG), que se consagraram como grandes nomes do cenário artístico mineiro.  As mais de 80 obras expostas, entre pinturas, vídeo e objeto em diálogo plástico-visual, revelam as singularidades e afinidades entre os artistas. Com trabalhos que marcam várias fases da produção de cada um, a mostra oferece ao público a oportunidade de explorar os caminhos das invenções e das escolhas estéticas e técnicas de Nello e Eliana. A exposição, que envolveu mais de 30 colecionadores, conta com curadoria dos artistas plásticos Márcio Sampaio e Nello Rangel, e fica aberta à visitação até 6 de maio, com entrada gratuita. Durante a inauguração da exposição, haverá, ainda, o lançamento dos livros Nello Nuno: a poética do cotidiano e Eliana Rangel: construções afetivas, ambos escritos por Márcio Sampaio.

Segundo Sampaio, na mostra, “o espectador tem, diante de si, a afirmação da pintura como linguagem e como espaço para trabalhar sentidos de vida, capaz de mobilizar raciocínios e emoções, proposta por duas fortes personalidades artísticas e humanas”. Tanto nas telas de Eliana sobre a infância ou naquelas mais espirituais, referentes à vida adulta, quanto nas pinturas de Nello a retratar paisagens de Ouro Preto (MG) e o cotidiano da família, é possível perceber as construções afetivas dos irmãos. Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira, “a curadoria da mostra humaniza nossa percepção dos dois artistas e resgata a sua ausência entre nós, também como pessoas que fazem falta em nosso tempo”.

A programação paralela à mostra apresenta um bate-papo com os curadores Márcio Sampaio e Nello Rangel sobre vida e obra dos artistas, no dia 5 de abril, das 19h30 às 21h, na Casa Fiat de Cultura, com entrada gratuita. Além das visitas mediadas à exposição, incluindo materiais de acessibilidade, o Programa Educativo preparou duas atividades inspiradas na arte de Nello e Eliana: o Ateliê Aberto de Pintura Acrílica, a ser realizado durante todo o mês de março, aos sábados e domingos; e a Formação de Professores – Pintura e Paisagem na sala de aula, marcada para os dias 27, 28 e 29 de março. A participação é gratuita.

A exposição é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e da Casa Fiat de Cultura, com patrocínio de Fiat Chrysler Automóveis (FCA), Banco Fidis, Fiat Chrysler Finanças, Fiat Chrysler Participações e Banco Safra, e apoio de Usiminas, Circuito Liberdade, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), Governo de Minas e Governo Federal.

Exposição

Ao entrar na galeria, o visitante passará por uma linha do tempo, com marcos das trajetórias de vida e carreira dos artistas, e revela influências e inspirações que se tornaram presentes na obra de Nello e Eliana. Há registros históricos, como as fotografias de família – com o avô Godofredo Rangel e o amigo Monteiro Lobato, escritores brasileiros, animais de estimação, cadernos escolares e, até mesmo, cartas e desenhos da infância.

A linha do tempo mostra, ainda, as obras de início de carreira, as primeiras exposições, as instituições onde estudaram e trabalharam, até o fim de suas vidas, de maneira a possibilitar a percepção do amadurecimento artístico dos irmãos. Os artistas também eram poetas e escreviam no mesmo sentido em que pintavam, com profundidade e afetividade. Nas paredes da galeria, o visitante encontra, afixados, diversos poemas que dialogam com as obras.

No amplo espaço expositivo, as obras ilustram as fases da produção criativa de cada irmão, sendo possível perceber os encontros e desencontros artísticos de Nello Nuno e Eliana Rangel. “Pela primeira vez juntos em uma exposição, os irmãos nos oferecem a oportunidade de experimentar o rico diálogo de suas linguagens pictóricas, expressas de forma densa, poderosa, em um forte e lúdico jogo de cores e composições”, comenta um dos curadores, Nello Rangel.

Nas obras de Nello Nuno, sobressai o lirismo poético. O artista retrata seu cotidiano – a família, a casa, os animais e a paisagem de Ouro Preto (MG), onde escolheu morar –, a exemplo das telas A família feliz (1969) e Paisagem (1967). Ao longo de sua vida, praticou uma figuração marcada pelo desejo de liberdade, extraindo humor e lirismo das coisas simples do dia a dia. Povoou suas telas com personagens fantásticos, como nos quadros Os dragões (1966) e Paisagem com beijagira (1967). Nello criou as beijagiras, uma mistura de beija-flor e girassol, inspirado nas histórias do amigo e escritor Murilo Rubião.

O artista também reportou, em suas obras, questões políticas e sociais, como na série Morte e Vida Severina (1967), inspirada no poema homônimo de João Cabral de Mello Neto. Em tempos de grande tensão política no país, Nello cria um conjunto de pinturas, aquarelas e desenhos de formas secas e duras como a própria paisagem nordestina. Esta série é apresentada, na exposição, em formato de vídeo – ao lado do qual, encontra-se um objeto (sem título) inspirado no mesmo texto. Trata-se de uma caixa de acrílico transparente, preenchida com terra. Nela, misturam-se figuras humanas e plantas, em alusão às transformações da matéria no ciclo da vida. O objeto é um projeto que Nello idealizou em 1996, e é apresentado em formato simplificado na exposição.

Ao final, sua pintura depurou-se à abstração geométrica, com inserções figurativas, como a bicicleta do equilibrista, presente em diversas telas.

As obras de Eliana Rangel, assim como as do irmão, apresentam memórias afetivas às telas do início de sua carreira. A artista parte de uma figuração mais objetiva, ao pintar elementos que evocam a infância – gatos, cães, crianças, brinquedos –, como na série de pinturas Brincadeiras (1969-1980), mas logo se interessou pela abstração.

As construções abstratas de Eliana incorporam, primeiramente, signos das culturas indígena e africana, propondo uma “arte mestiça”, como nas obras Terra, ritmo (tríptico, parte 2) (1986) e Xingu (1986). Com exuberância de formas, cores e texturas, as telas são resultado de experimentações técnicas com diferentes materiais.

Por fim, Eliana encaminhou sua obra para a redução geométrica e a abstração lírica, rica em matéria pictórica, em cores mais apaziguadas, até chegar ao branco sobre branco. Em outro momento, a artista buscava um novo sentido para sua pintura, à procura de compreensão para o que chamava de “verdade essencial”. Pesquisadora inquieta, ela se aprofundou nos estudos esotéricos e encontrou, na obra do físico indiano Amit Goswame, a compreensão dos grandes mistérios que a inquietavam. Para Eliana, a arte se constituiu como meio para chegar a um lugar transcendental, onde as energias físicas e espirituais se tocam e se complementam.

 

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