O passo a passo do restauro

O passo a passo do restauro

A restauração das três obras de Aleijadinho será feita pelo Grupo Oficina de Restauro, com o acompanhamento técnico do IPHAN. A dinâmica a ser desenvolvida na Casa Fiat de Cultura permitirá a aproximação entre os visitantes e os restauradores, que poderão acompanhar todo o passo a passo e conhecer os bastidores de um restauro, seja por meio de visitas presenciais agendadas, seja através das vitrines da Casa Fiat de Cultura ou, ainda, pela programação virtual, que inclui a websérie “Aleijadinho, arte revelada: o legado de um restauro na Casa Fiat de Cultura”.

Antes da restauração começar, um trabalho de pesquisa e análise das obras foi feito com o objetivo de coletar o maior número de informações sobre sua iconografia, os estudos estilístico-formais, o contexto histórico em que foram produzidas e o estado de conservação. Foram realizadas, também, fotos científicas usando fluorescência de ultravioleta, que permite analisar a camada pictórica e o estado de conservação dos vernizes superficiais, e infravermelho, para identificar possíveis riscos e desenhos que não são vistos a olho nu. Com este tipo de fotografia, foi possível verificar, por exemplo, se houve repintura, além de diferenciar tons e cores originais daqueles aplicados por intervenções anteriores. Para identificação de todas as uniões entre os blocos de madeira e os cravos usados na confecção de cada peça do conjunto escultórico, as obras passaram, ainda, por uma leitura oferecida pelo raio X.

De acordo com a restauradora e coordenadora do projeto de restauro, Rosangela Reis Costa, as obras apresentam um estado de conservação regular em diferentes estágios, com danos naturais causados pela ação do tempo: início de ataque de cupim e fissuras possivelmente provenientes da movimentação da madeira, especialmente em partes que se supõe tratar das junções entre os blocos utilizados em sua confecção. Em se tratando da pintura, a imagem de Sant’Ana tem muitas falhas, São Manuel apresenta manchas e craquelês em quase todas as áreas; já em São Joaquim, quase não é possível encontrar resquícios da pintura original. “O processo de restauração é importante para impedir que sejam gerados danos permanentes e irreparáveis”, pontua.

Todas as imagens passarão pelo mesmo processo de intervenção, o que inclui, dentre outras etapas, higienização da obra, contenção de fissuras, complementação de partes faltantes com massa, reintegração de lacunas e manchas, complementação de partes faltantes com massa e, por fim, a aplicação de verniz, que protege a superfície e permite o ajuste do brilho da peça.

Além disso, as peças serão colocadas em uma bolsa sem a presença de oxigênio – tratamento totalmente atóxico, que usa tecnologia de ponta, que garante a total desinfestação de cupins em madeira –, e imunizadas por uma barreira química para evitar novos ataques. “A intervenção que faremos será o mais sutil possível e apta de ser retratável, de modo a não impedir futuras restaurações. Afinal, estamos atuando com o resgate da cultura, das memórias e, principalmente, com a preservação da história de um grande mestre”, reforça a restauradora Rosangela.

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