As obras de Aleijadinho a serem restauradas

As obras de Aleijadinho a serem restauradas

O legado de Aleijadinho será rememorado pela Casa Fiat de Cultura por meio do processo de restauro das obras de Sant’Ana Mestra, pertencente à Capela de Sant’Ana, da comunidade de Chapada de Ouro Preto/MG; de São Joaquim, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Raposos/MG; e de São Manuel, do acervo da Paróquia de Nossa Senhora do Bonsucesso, em Caeté/MG. A iniciativa acontece 60 anos depois que Jair Afonso Inácio, conservador-restaurador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), após restaurar a imagem de Sant’Ana Mestra, teve a oportunidade de observar as características definidoras do estilo que culminaram com a atribuição da peça a Aleijadinho.

A iconografia de Sant’Ana Mestra representa uma cena em que a santa, já idosa, sentada em uma cadeira vermelha, ensina sua filha Maria, de pé ao seu lado direito, as primeiras letras em um livro aberto sobre seu colo. Mãe de Maria e avó de Jesus, Sant’Ana é considerada a protetora dos lares e da família, bem como dos mineradores. Em Minas Gerais, diversas igrejas e capelas são dedicadas à santa, que também tem sua imagem replicada em oratórios em muitos lares brasileiros – devoção que começa no período colonial e segue até hoje. A imagem de Sant’Ana Mestra representa o modelo maternal e, por extensão, os valores da educação, da formação, especialmente moral e religiosa. Foi produzida na maturidade de Aleijadinho, na virada do séc. 18 para o séc. 19, sendo possivelmente contemporânea às imagens de Congonhas. A representação de uma cena estática, mas que traduz grande movimentação, por meio dos direcionamentos das dobras das vestes, das linhas de força que se entrecruzam e que levam o espectador, a cada momento, a dirigir seu foco para uma posição distinta da imagem são características bastante representativas do estilo barroco. Entretanto, a presença da rocalha na cadeira, a elegância de seu espaldar com áreas vazadas, e até mesmo o alongamento na representação de Sant’Ana indicam um trabalho já ao gosto do rococó.

Em Minas Gerais, o imenso culto a Sant’Ana fez com que a devoção a São Joaquim – avô do Menino Jesus – fosse, da mesma forma, largamente disseminada entre a população católica. Nessa imagem da fase madura de Aleijadinho, entre os séculos 18 e 19, São Joaquim é representado com idade avançada, barba e cabelos de coloração acinzentada, tendo como atributo o cajado. A diagonalização de suas linhas composicionais, o olhar e um dos pés dirigidos para um dos lados; a mão aberta em direção oposta a eles; a posição do cajado em relação às linhas do seu manto são todas características barrocas, mas já com alongamento e elegância do rococó.

Já a imagem de São Manuel é misteriosa: trata-se de um santo oriental, vindo da Pérsia, que surge somente em textos apócrifos, mas conquista fiéis em Portugal e alcança a religiosidade em Minas Gerais. Na representação de Aleijadinho, o santo tem o corpo perfurado por cravos, que atravessam seus ouvidos e as laterais do peito, e apresenta, no pescoço, a marca de sua decapitação. Em pé e com as mãos postas, leva na cintura um pano belamente drapeado, e à cabeça um resplendor de prata. Toda a composição é bastante vertical, uma referência ao rococó.

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