Cores intensas, variados matizes e pinceladas refletem as diversas influências culturais presentes nas obras do artista plástico italianoUmberto Nigi que, assim como sua arte, transcendeu fronteiras. O artista, que já morou em diversos países da África e Europa encontrou, desde 2002, inspiração para suas criações na capital mineira. As constantes mudanças e busca por referências deram os tons da exposição“Cores Cidadãs do Mundo”, que pode ser apreciada na Casa Fiat de Cultura de 10 de novembro de 2015 a 10 de janeiro de 2016, comentrada gratuita. Ao todo, foram reunidas 44 obras inéditas que representam um conjunto da carreira do artista, que faz da cor sua principal inspiração.
Os trabalhos exibidos são marcados por tonalidades fortes, que mesclam pretos, marrons, tons terrosos, vermelhos, amarelos, laranjas, azuis e verdes, provocando explosões cromáticas de notável efeito visual. A dramaticidade de suas pinceladas e o estilo ousado chamam a atenção da crítica especializada e do público.
Entre os quadros presentes na mostra, 40 são inéditos e criados entre 2012 e 2015. No entanto, uma sala foi dedicada a apresentar quadros de duas fases anteriores do artista. Duas obras retratam sua primeira fase, traçada por quadros completamente figurativos. Outras duas obras mostram seu caminho pelo abstrato, com cores e sem utilização de materiais diferenciais além da tela e tintas. Num clima de retrospectiva, a exposição também conta com um minidocumentário em que o artista relata importantes pontos de sua trajetória.
Em sua nova fase, as cores, sempre presentes nas obras de Nigi, ganham formas por meio da juta, que confere uma geometria particular às telas. O material foi fonte de inspiração para o artista, que o descobriu em um café em Roma “quando vi aqueles sacos de café de 15 quilos, com os dizeres “Café do Brasil”, pensei em todo o caminho percorrido pelo saco até chegar ali, naquele estabelecimento em Roma, e não acreditei que seu destino final fosse o lixo. Trabalhar com a juta me dá a sensação de realizar uma escultura, devido aos relevos e texturas que ela proporciona. É também uma forma de dar outro uso ao material que antes seria descartado”, descreve Umberto Nigi. Para o artista, a juta ganha outra identidade ao ser incorporada em suas obras, “caberá a cada espectador dar um novo significado para o material”.
Em seu processo de criação, o artista busca expressar o que sente. Busca um equilíbrio entre as cores, texturas e jutas em suas telas, dando uma relação geométrica aos quadros. As jutas são adquiridas no Mercado Central e não passam por nenhum tipo de tratamento. “Elas carregam consigo uma história, essência de cada lugar por onde passou, e isso se torna parte da minha obra”, revela Nigi. O material se torna parte de sua tela e recebe cores a partir do que o artista quer expressar. As tintas utilizadas são italianas, as mesmas que utiliza desde o início da carreira e escassas no mercado brasileiro.
O caráter cosmopolita de suas obras revela muito da experiência do artista, um verdadeiro cidadão do mundo. Umberto Nigi já morou em diversos países, como Yemen, Iugoslávia, Londres e África do Sul, mas atualmente reside em Belo Horizonte, onde, segundo o artista, as cores, a paisagem e o clima são constantes fontes de inspiração. Essa vivência de diferentes cotidianos pode ser percebida em seus trabalhos por meio da diversidade e intensidade de cores e texturas, que evidenciam a excelência da técnica do artista e sua capacidade de expressar sentimentos e emoções. As cores e costumes de sua terra natal e as peregrinações por vários países do mundo, inclusive o Brasil, foram fundamentais para aprimorar seu estilo.
Quando vivia na Toscana, região da Itália, inspirado nas cores e paisagens pintava quadros figurativos. Ao viajar e conhecer o mundo, teve contato com outras realidades, culturas, artistas e movimentos que vieram a influenciar sua forma de expressar. “As imagens da minha amada Toscana continuam em minha alma e coração, além das telas, mas vivi uma mudança gradual, até chegar ao abstrato, um estilo que construí ao longo dos últimos 30 anos, num amadurecimento de mim mesmo”, reflete Nigi. Com um estilo único, a arte de Nigi traz referências do movimento color field, que marcou os anos 60 por meio da utilização de áreas geométricas extensas e monocromáticas que convidam à contemplação do observador.
Os trabalhos presentes na exposição −elaborados em técnica mista− não têm nome, Nigi acredita que ao dar título às obras já estará induzindo o espectador a uma interpretação “a obra abstrata deve ser livre, para cada observador poder construir o seu próprio significado” ressalta o artista.
A exposição “Umberto Nigi – Cores Cidadãs do Mundo”conta com o apoio cultural da Casa Fiat de Cultura e o do Consulado da Itália em Belo Horizonte e integra a programação do Ano da Itália na América Latina.
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