A Exposição

A exposição Tarsila e o Brasil dos modernistas reúne um conjunto de obras que apresentam visões singulares de paisagens, tradições e tipos brasileiros. Tendo como ponto de partida a obra de Tarsila do Amaral (1886- 1973), os trabalhos selecionados procuram traçar um panorama de tentativas de representação visual de um país territorialmente vasto e culturalmente heterogêneo como o Brasil. Esses trabalhos se reportam ao tempo e ao espaço onde foram produzidos e ao
entendimento que nossos artistas modernos tiveram da realidade à sua volta.

Além de Tarsila, figuram na exposição outros artistas que discutiram uma possível representação da identidade brasileira de forma bastante explícita e constante ao longo de suas trajetórias, como Di Cavalcanti e Candido Portinari. Estão inclusas também obras de artistas que se detiveram no tema em determinados períodos de suas carreiras, como Cícero Dias, Lasar Segall, Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret. A mostra apresenta ainda um terceiro grupo de artistas cujo conjunto da obra não é necessariamente identificado à criação de uma imagem iconográfica do e para o Brasil, mas que produziu trabalhos pontuais que tangenciam o tema, seja pela inclusão de um contexto geográfico facilmente reconhecível, seja pela curiosidade investigativa de hábitos e tradições locais. Entre esses, encontram-se Alberto da Veiga Guignard, Ismael Nery, Oswaldo Goeldi e Flávio de Carvalho.

Tarsila e o Brasil dos modernistas não pretende transformar estes últimos em artistas comprometidos com a produção de cunho nacionalista nem menosprezar a história da arte hegemônica, mas aproximar trabalhos específicos que, interpretados sob certos ângulos, podem vir a ampliar o debate em torno das representações visuais simbólicas do país, tornando-o tão complexo quanto a teia cultural em que está inserido.

É importante explicitar que esse recorte não tem intenção de examinar a produção dos modernistas do ponto de vista de estilo, mas de traçar relações temáticas a fim de tornar claras as semelhanças e/ou diferenças em termos de opções de figuração de cunho metafórico. O agrupamento de trabalhos por tema facilita a análise da contribuição modernista para o debate em torno da produção simbólica de um imaginário social na medida em que os temas se repetem com bastante frequência, ainda que sob formas diversificadas.
Regina Teixeira de Barros
Curadora da exposição

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