A conservação do painel de Portinari foi feita pelo Grupo Oficina de Restauro, mesma equipe de especialistas que realizou a restauração da obra em 2014, quando a Casa Fiat de Cultura assumiu a salvaguarda do painel. De acordo com a coordenadora do projeto de conservação, Rosângela Reis Costa, “o exercício de avaliação e intervenção periódicas ao painel é essencial para que o trabalho original do pintor seja preservado, evitando perdas irreparáveis ou a necessidade de uma nova restauração, medida que só é tomada quando a obra já está muito danificada pelo tempo e manuseio indevido”.
O trabalho de conservação é um processo delicado e foi feito em quatro etapas.
1ª etapa: O painel foi higienizado por inteiro com a utilização de trincha (um tipo de pincel) de cerdas macias para retirar a poeira; e, pontualmente, um solvente foi usado para a remoção de manchas causadas por excrementos de insetos.
2ª etapa: Fixação das películas de tinta em descolamento e dos craquelês, que são microfissuras na pintura. Isso ocorre porque a umidade do ar influencia no inchaço e retração da madeira compensada, que é base do painel, e a tinta que o cobre não acompanha esses movimentos naturais da madeira, sofrendo pequenas rachaduras.
3ª etapa: Foram feitos retoques nas perdas do painel. As perdas são pequenos pontos onde a tinta se soltou completamente e, por meio do estudo das cores e técnicas usadas pelo artista, é possível recuperar a pintura. As lacunas foram cobertas com uma massa base de preparação e, depois, revestidas com aquarela e guache profissionais. O uso de tintas diferentes das que Portinari utilizou – têmpera e óleo – se deve ao princípio de que toda intervenção feita em obras de arte deve ser reversível, ou seja, deve ter a possibilidade de ser removida. “Caso novos estudos demonstrem que há melhores técnicas para conservação e restauração ou a técnica atual venha a apresentar problemas, ela será removida sem causar danos à pintura original. O retoque do profissional de conservação deve se assemelhar à pintura do artista, mas a tinta usada deve ter uma composição química diferente para que, em uma possível remoção com determinado produto, a tinta original não seja removida junto”, explica Rosângela.
4ª etapa: A última etapa da conservação foi a imunização preventiva contra a infestação de cupins, um dos principais problemas encontrados pela Oficina de Restauro na intervenção feita em 2014. O imunizante é passado nas bordas da obra, onde a madeira é aparente.
O painel “Civilização Mineira”
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), este é o maior painel de Candido Portinari em Minas Gerais, medindo 2,34 X 8,14 metros. Em exposição permanente, a obra conta, agora, com ficha técnica em braile, além de peças multissensoriais que fazem parte dos recursos de mediação para pessoas com deficiência visual. O painel retrata a mudança da capital mineira, da cidade de Ouro Preto para Belo Horizonte, em 12 de dezembro de 1897. Em meio à paisagem, a presença de Tiradentes e outras personalidades retoma outro marco da história do Estado: a Inconfidência Mineira (1789). Com técnica mista, têmpera e óleo, a obra é caracteristicamente modernista, sem abrir mão de fundamentos da pintura clássica. Portinari (1903 – 1962) é considerado um dos maiores artistas brasileiros do século XX, tanto por sua produção estética quanto pela atuação consciente nos âmbitos cultural e político.
Serviço
Exposição permanente: painel Civilização Mineira, 1959 (Candido Portinari)
Horário: das 10h às 21h de terça à sexta
das 1oh às 18h sábado, domingo e feriados
Entrada gratuita
Praça da Liberdade, nº10, Funcionários | CEP: 30140-010 | Belo Horizonte/MG - Brasil
Tel: +55 (31) 3289-8900
Horário de funcionamento: terça a sexta-feira, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
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