PRESÉPIO DA CASA FIAT DE CULTURA: NASCE UMA TRADIÇÃO
Sob curadoria do artista plástico Leo Piló, público transformou materiais reutilizados no Presépio em tamanho natural que será aberto nesta quarta-feira, 25 de novembro
A tradição do Natal vai muito além da mesa farta, da troca de presentes e da decoração da árvore. Antes mesmo de incorporar tudo isso à cultura natalina, certo ato primordial era transmitido de geração a geração: a montagem dopresépio. Quem passar por Belo Horizonte nessa época do ano poderá conhecer um deles, inteiramente criado com materiais reutilizáveis e feito de forma colaborativa com o público, sob curadoria do artista plástico Leo Piló. Trata-se do Presépio da Casa Fiat de Cultura, que será aberto à visitação no dia 25 de novembro, com entrada gratuita.
Nesse dia, às 19h30, o público terá a oportunidade de saber mais sobre o processo de cocriação do Presépio, por meio de um bate-papo com o artista Leo Piló, no Espaço Multiuso da Casa Fiat de Cultura. Em seguida, haverá “contação” da história “O boi e o burro no caminho de Belém”, texto de Maria Clara Machado, adaptado e apresentado pela educadora da Casa Fiat de Cultura, Clarita Gonzaga. Oficinas de Natal também integram a programação do mês de dezembro.
Ao longo do mês de novembro, mais de 150 pessoas se uniram ao artista Leo Piló – nome que se destaca no panorama artístico quando o assunto é arte com sustentabilidade. Eles foram responsáveis por desenvolver o cenário e dar vida aos personagens do Presépio: a Sagrada Família, os três reis magos, o pastor e os animais – ovelhas, boi e burro. Assim como feito por São Francisco de Assis, em 1223, quando foi representada a cena do nascimento de Cristo pela primeira vez, o Menino Jesus passará a integrar o Presépio apenas no dia 24 de dezembro.
O “protagonista” da montagem foi o papel, que, antes, era material descartado. Neste caso, ele fez as vezes de principal matéria-prima da confecção. Por meio da técnica do papel colê (papietagem), com jornal, o público criou mãos, pés e rostos de cada personagem, que contaram com estruturas de papelão. Os animais do cenário também foram produzidos com jornal. Já as vestimentas dos personagens foram feitas de plástico e lã de isopor, um dos resíduos mais agressivos ao meio ambiente, mas que já sai preparado para a reciclagem da Ilha Ecológica da fábrica da Fiat Automóveis, em Betim – a exemplo de outros vários materiais. Alguns papéis usados vieram da Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável (Asmare).
Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira, o Presépio representa muito mais do que uma busca do tempo perdido. “Essa iniciativa deseja provocar uma reflexão sobre as comemorações do Natal, que, com o tempo, esqueceram-se do personagem principal, o Menino Jesus. Afinal, o Salvador nasceu na pobreza, foi refugiado, sofreu discriminação. Existe algo mais atual para nossa meditação?”, destaca.
O Presépio da Casa Fiat de Cultura alia tradição e inovação, numa reflexão sobre união, colaboração, coletividade, ressignificação e sustentabilidade. O artista plástico Leo Piló explica que a tradição está em remeter aos natais em que as famílias se reuniam para celebrar o nascimento de Jesus – e montavam presépios – e à inovação, ligada à maneira de construção: “Pessoas de todas as idades, às vezes, desconhecidas umas das outras, reúnem-se em encontros e oficinas para trabalhar na montagem desta cena em tamanho natural, feita de modo tão especial. Vivemos uma atualidade de desperdícios e escassez mundial. Para equilibrarmos a balança entre a oferta e a demanda de recursos naturais, muitas coisas precisam mudar! Neste cenário, Maria, José e o Menino trazem, de forma tão singela e delicada, esta mensagem de urgência e esperança, provocando o reatar dos laços de afeto e colaboração e incentivando a reinvenção do mundo”, acrescenta.
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Tel: +55 (31) 3289-8900
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