O trabalho de Marco Aurélio R. Guimarães guarda semelhança com a escultura clássica renascentista não só pelo caráter humanista, que enaltece a força e a beleza da anatomia humana, mas principalmente pelo aspecto técnico.
Não há esboço em croqui. O artista idealiza a peça com a participação de modelos vivos, que posam por cerca de três horas por sessão. O objetivo não é retratar feições ou expressões faciais idênticas às dos modelos, mas observá-los para ter o máximo de fidelidade ao gestual corporal, escala e outros aspectos básicos da anatomia. O escultor parte então para um primeiro modelo em plastilina, um composto de ceras, pigmentos e óleos que resulta em uma massa flexível e moldável. Nessa primeira peça, que mede cerca de 10 centímetros e é chamada de bozzetto, Marco Aurélio testa a estrutura do corpo, a posição e as proporções.
Em uma segunda modelagem no mesmo material, já medindo aproximadamente 40 centímetros, o artista detalha mais aspectos do corpo humano, tais como massas musculares, tendões, veias, cabelos e outras texturas. Tira-se um molde dessa segunda peça da qual se funde uma reprodução idêntica em gesso. A partir das referências visuais do modelo em gesso, o artista transfere as medidas para a escala final, no bloco de mármore, com a ajuda de um sistema mecânico pantográfico baseado em medições por um processo de três compassos. Começa, então, a remoção das partes não aproveitadas da pedra que, assim como na Antiguidade, vai sendo trabalhada cuidadosamente pelo artista com serras, rompedores, martelos, cinzéis, gradinos e outras ferramentas, até atingirem a forma final, com o realismo que o artista pretendeu.
Marco Aurélio utilizou mármore preto para o crânio e mármore branco de Carrara para as duas figuras principais. O mármore, original da cidade italiana de Carrara, é famoso desde o século I a.C., quando foi utilizado para construir templos e edifícios da Roma Antiga. No Renascimento, surgido no século XIV e que homenageava a estética e os valores humanistas da Antiguidade, o mármore de Carrara foi novamente empregado em monumentos e obras célebres, como o Davi de Michelangelo, que retrata o herói bíblico com realismo em impressionantes cinco metros de altura.
Para Marco Aurélio, seu ofício de engenheiro não está tão dissociado de seu talento para esculpir, como poderia presumir o senso comum. “A engenharia é uma profissão racional, matemática, firme, imutável e, aparentemente, distante do campo da arte. Mas a arte também pode ser rigorosa e absoluta, como no caso da escultura, por exemplo. Esculpir uma forma em mármore é retirar pedaços de matéria. Uma vez removidos do todo, não se pode voltar atrás. De certa forma, a arte também pode se revelar rigorosa, imutável”, diz o artista.
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