O retrato pertence a um dos mais antigos e ao mesmo tempo renovados gêneros da arte. Provém de um período histórico anterior mesmo à própria ideia de arte tal como hoje entendida, um conceito que remonta apenas ao início da primeira modernidade ocidental, localizada, com alguma flexibilidade, ao redor do final do século XIV. É a esse gênero ancestral que pertence aquela que é, muito provavelmente (e não importam os motivos), a mais famosa pintura existente: Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, capaz de, sozinha, levar multidões ao Museu do Louvre – mais de oito milhões de pessoas no ano passado, para ser mais exato.
O retrato procura responder a uma pergunta fundamental: quem sou eu, qual é afinal minha imagem, como me pareço? Essa é a pergunta básica que faz, a um artista, aquele que lhe encomenda um retrato, e essa foi e continua a ser a pergunta que muitos artistas fizeram e fazem a si mesmos. Nem mesmo a arte contemporânea foi capaz de abolir esse gênero. Pelo contrário. O ser humano continua a ser o primeiro objeto de reflexão e o primeiro espetáculo para si próprio. Nem mesmo o aparecimento da fotografia, e do cinema, foi capaz de abalar o lugar ocupado pelo retrato na pintura, que fascina com a variedade de modos pelos quais foi capaz de responder a essas perguntas.
Esta exposição mostra vários desses modos, desde aqueles que apresentam seus retratados como pessoas altivas e afirmativas àqueles, mais atuais, em que nos acostumamos a ver as pessoas “tais como realmente são”, quer dizer, na incerteza
de sua significação particular.
A parceria estabelecida entre o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand e a FIAT há cinco anos, quando foi inaugurada a Casa Fiat de Cultura com uma exposição do acervo de pintura italiana deste museu, torna hoje possível que a experiência fundamental do retrato, assim como configurada nesta coleção, seja compartilhada com novos públicos. Não é uma tarefa fácil, nem um projeto evidente: obras cada vez mais frágeis, que requerem cuidados excepcionais para serem movidas, tornam cada vez mais rara essa oportunidade de ampliação de audiência, permitida pelo apoio e interesse da FIAT mediante os incentivos criados pelo Ministério da Cultura.
No momento em que a imagem pode circular tão livre e rapidamente quanto possível, pela Internet e outros veículos de transmissão, ter acesso à obra mesma, no original, é uma experiência cujo significado precisa ser ressaltado. É com um prazer especial que o MASP retorna agora à Casa Fiat de Cultura para participar da comemoração de seu aniversário em outra iniciativa essencial de colocação da arte ao alcance de um maior número de pessoas.
Teixeira Coelho
Curador-coordenador MASP
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