Sobre as obras

Sobre as obras

A exposição “Mau Olhado Bem Olhado II” é composta por cinco obras, desenvolvidas em conjunto pelos artistas em um processo criativo pensado a partir da construção de histórias. Os trabalhos são desenvolvidos no ateliê de Janaína e Wagner, que produzem os vestuários e objetos. Já as performances são gravadas em locações externas.

A primeira instalação é “Relação é depois de comer juntos um quilo de sal em pratos bem temperados”. Composta por um vestuário masculino e um feminino, uma mesa, dois tamboretes e um prato com 1 kg de sal com dois guardanapos, ela aborda a complexidade das relações e faz analogia a uma relação amadurecida, já que se leva tempo para comer 1 quilo de sal. E para se comer bem é preciso equilíbrio, já que sal demais é insuportável, e sem tempero a comida fica insossa. 

Já a segunda instalação, “Aprumar-se”, apresenta seis fotografias e um objeto (uma pedra presa a um galho com uma forquilha em uma das extremidades” e refere-se ao que devemos e podemos fazer juntos, já que o objeto só é efetivo com a ação de duas pessoas sincronizadas.

A terceira instalação, intitulada “Os Cânticos das Paixões”, é constituída de um mapa, que traz um código escaneável, mostrando pontos em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro construídos em cima de cemitérios, evocando a presença de corpos negros nessas cidades.

“Olhar e ser visto” é um vestido com áudio que provoca uma ideia de interatividade e reflexão, para que o espectador desenvolva uma relação com as peças e sinta como se o roteiro descrito no áudio pudesse ser vivido por ele.“Todo nosso trabalho é pensar nisso, como vamos construindo as histórias, as escritas, as narrativas; aos poucos. Isso é pensar que um alimento muitas vezes precisa ser dosado, assim são as relações. Isso traz muitas vezes também questões outras”, explica Janaína.

Para encerrar, o vídeo performance “Cântico da Paixão de Cláudia” parte da história de Cláudia Ferreira, vítima de uma operação policial em 2014, que foi baleada e arrastada por um carro, no Rio de Janeiro, por 350 metros. A obra reflete sobre o genocídio, mostrando que ele não ficou no passado e se perpetua no presente de diferentes maneiras. “Queremos questionar como essas relações entre camadas sociais são tecidos”, salienta Wagner.

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