“MAU OLHADO BEM OLHADO II” É A NOVA EXPOSIÇÃO DA PICCOLA GALLERIA, NA CASA FIAT DE CULTURA
Exposição aborda a relação entre as diferentes camadas sociais do país, o lugar que os corpos negros ocupam na sociedade e como essas questões influenciam a construção da relação a dois
Refletir sobre a afirmação e a resistência do negro, além de ressignificar seu papel social e suas relações são as propostas da nova exposição da Casa Fiat de Cultura. “Mau Olhado Bem Olhado II”, dos artistas Janaína Barros e Wagner Leite Viana está em cartaz na Piccola Galleria. Devido à pandemia, a Casa Fiat de Cultura está fechada à visitação, mas a exposição segue com mediações virtuais. A mostra apresenta obras, que entrelaçam objetos, vestimentas, vídeos, fotografias e áudio, sempre destacando o olhar dos próprios artistas sobre o seu trabalho em diálogo com o olhar do público.
As instalações podem ser vistas a partir de duas perspectivas. Uma macro, que aborda o racismo e a violência que impactam a população negra no Brasil, bem como a relação entre as diferentes camadas sociais existentes no país. E outra micro, que aborda a construção de uma relação entre duas pessoas, com seus afetos, cumplicidade, violências coloniais, força, reciprocidade e peculiaridades.
Os artistas explicam que “Mau Olhado Bem Olhado II” é um processo construído desde 2011, a partir da experiência do casal com performance, vídeo e outras formas de registro e que nasceu com um carimbo de olho – hoje permeado na mostra por meio de uma estampa. “O olhar é uma temática importante em nosso trabalho. Entendemos que, seja qual for a natureza e a intencionalidade do olhar, é possível desvelar formas de assimetrias e simetrias nas relações”, destaca Janaína Barros, ao falar sobre a estampa que estará presente na peça gráfica “Cântico das Paixões” – um livreto que constituí de um mapa, que traz um código escaneável, e na instalação “Olhar e ser visto” – um vestido com áudio que descreve um roteiro com uma ação executada por um homem e uma mulher.
“A vestimenta evoca um possível corpo que o ocupa e nos faz pensar especialmente em corpos negros, considerando a nossa própria racialidade enquanto artistas e enquanto casal”, pontua Wagner Leite Viana. “E é impossível pensar em corpo sem pensar em carne. E, nesse caso, pensar no sacrifício da carne e dos corpos negros em toda a nossa história”, completa.
Para o crítico, Leonardo Araujo Beserra, que é membro do Grupo de Críticos do Centro Cultural de São Paulo, “Mau Olhado Bem Olhado II” compartilha as violências históricas e contemporâneas de maus olhados que esses corpos pretos sofrem e sofreram, no momento em que são capturados pelo olhar, mesmo que com intenção atenciosa. “A exposição é resultado de um processo, por meio de ações criadas a partir de vestígios do próprio casal, atravessado pelo corpo negro e seus afetos. Os trabalhos são circundados por assuntos da subjetividade política racial preta e geram metáforas a quem os imagina em trânsito. São bem olhados por meio da cocriação do espectador, mas foram produzidos antes por conta de mau olhados sociais”, reflete.
A mostra “Mau Olhado Bem Olhado II” integra o ciclo de exposições do 3º Programa de Seleção da Piccola Galleria, da Casa Fiat de Cultura para 2019/2020 e é uma realização do Ministério da Cidadania, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e da Casa Fiat de Cultura, com o patrocínio da Fiat Chrysler Automóveis (FCA), Fiat Chrysler Finanças e Banco Safra. A exposição conta com apoio institucional do Circuito Liberdade, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha), Governo de Minas e Governo Federal.
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