Ateliê Aberto Flores de Papel

CEREJEIRAS E IPÊS: O ENCONTRO DE DUAS CULTURAS NA CASA FIAT DE CULTURA

Exposição traz 34 imagens da florada de cerejeiras e ipês-amarelos, clicadas pela fotógrafa mineira Joana Moreira, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De 26 de agosto a 24 de setembro, com entrada gratuita

 

A fotógrafa Joana Moreira encontrou um ponto coincidente entre os japoneses e os mineiros. Apaixonada pela natureza, ela registrou a florada dos ipês-amarelos, genuínos de nossa terra, e das cerejeiras, árvores originárias do Japão que foram plantadas em Minas Gerais. Tal confluência de culturas poderá ser apreciada durante a exposição Hanami/Mbotyra epiak: um olhar sobre flores na Casa Fiat de Cultura. A mostra traz 34 fotografias, que ficarão em cartaz de 26 de agosto a 24 de setembro, com entrada gratuita.

A fotógrafa Joana Moreira sempre teve paixão por fotografar a natureza e afirma que registrar suas belezas, cores e formas é um dos momentos mais gratificantes de sua profissão. “Os cliques de Joana proporcionam, artisticamente, um encontro entre essas duas árvores, que geram flores delicadas e vibrantes, capazes de chamar a atenção do mais desatento observador”, conta o curador Clay D´Paula, especialista em História da Arte pela Universidade de Sidney (Austrália). Ele explica que “as fotografias da mostra trazem insights, do mais alto nível, sobre a natureza, o divino e o ser. E, principalmente, como a confluência entre culturas distintas enriquece a experiência humana”.

O responsável por fazer com que essas duas espécies de árvores dividam o tempo e o espaço na paisagem mineira é  Haruji Miura, ou Sr. Miura, como é conhecido. Filho de japoneses, ele sempre morou no Brasil, mas trouxe do Japão, há 40 anos, as sementes das árvores, que são cuidadosamente tratadas por ele até hoje. Joana conta como o conheceu: “certa vez, comecei a fotografar as cerejeiras do meu condomínio. Quando ouvi as notícias sobre o senhor Miura, que morava há menos de 15 km de minha casa, entrei em contato com ele para um chá. Ao chegar lá, fiquei emocionada com aquele cenário. Não conseguia parar de fotografar e contemplar tamanha beleza. Uma exposição nascia ali, naquele instante”.

Hoje, as cerejeiras se misturam com os ipês-amarelos, criando uma nova estética, um festival de cores no entorno da capital mineira, e perpetuando uma tradição japonesa. “Os ipês surgiram na exposição como uma forma de fusão entre as árvores e flores de culturas tão diferentes. Representam Minas Gerais recebendo o japonês que há 40 anos espalha sementes de cerejeiras pela Região Metropolitana de Belo Horizonte como agradecimento pela recepção que ele teve em nossa terra”, explica a fotógrafa.

Hanami/Mbotyra epiak: um olhar sobre flores na Casa Fiat de Cultura surge justamente da junção desses olhares, o sensível, da fotógrafa Joana Moreira, e o apaixonado pela cultura japonesa, do Sr. Miura. As cerejeiras complementam a beleza dos ipês-amarelos e, por meio das fotografias de Joana, trazem uma reflexão sobre como esse intercâmbio cultural é capaz de enriquecer lugares e contribuir para a qualidade de vida de uma comunidade. A intenção é, além de registrar belas imagens, conectar esses dois povos, suas origens e tradições. E, claro, apresentar aos mineiros o “hanami”, costume japonês de contemplar a beleza das flores”. O “mbotyra epiak”, presente no título da exposição, é uma tradução do termo “contemplar as flores” para o idioma tupi, com o intuito de inspirar os mineiros a apreciar o ipê amarelo, símbolo nacional e marcante na paisagem de Belo Horizonte, como se faz na encantadora tradição nipônica. Anualmente, durante a floração das cerejeiras, os japoneses se reúnem ao ar livre para admirar as flores, fazer piqueniques e outras festas. Costuma-se até a pendurar lanternas nas árvores para comemorações noturnas. “A legendária tradição de contemplação do florescimento das cerejeiras relembra-nos a necessidade de olharmos com renovado encanto a nossa floração anual do ipê amarelo. Em passado recente dizia-se em Minas, em tom profético: olhem bem as montanhas. Eu digo, com esperança: olhem bem os ipês”, completa José Eduardo Lima Pereira, presidente da Casa Fiat de Cultura.

No total são 34 imagens, sendo que, 25 imagens serão apresentadas em um conjunto de varais de fotografias horizontais e verticais, impressas em fineart no formato 60x70cm e 60x90cm, 2 imagens impressas em acrílico pv cristal no formato 2x1m e 7 imagens estarão impressas em papel fotográfico colado em placa de foan serão impressos no formato 30x30cm serão afixada na parede. Na sala expositiva haverá um espaço com almofadas para contemplação das obras, onde o público poderá criar mensagens inspiradas em seu olhar sobre as flores.

A exposição é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com o patrocínio da Fiat Chrysler Automóveis (FCA), CNH Industrial Capital, Banco Fidis, Fiat Chrysler Finanças, New Holland Construction, Banco Safra, Ramada Encore Virginia hotéis e Wine Come – Wine Society. Conta com o apoio de Fundamar  e Miura Cerejeiras e apoio institucional  do Circuito Liberdade, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha), Consulado Geral Honorário do Japão em Belo Horizonte, Governo de Minas e Ministério das Relações Exteriores – Escritório Regional Minas Gerais.

 

A história da família Miura

A família Miura veio do Japão e desembarcou no Brasil. Em 1927, nasceu Haruji Miura e a família mudou-se para Lins, interior de São Paulo. Vivendo todas as dificuldades dos imigrantes japoneses, Haruji Miura conseguiu estudar no Colégio Nipônico de Lins, fundado pelos próprios imigrantes japoneses. Depois, passou a estudar no Colégio Salesiano de Lins, e acabou formando-se em Contabilidade.

Com o desenvolvimento da lavoura de café nas fazendas dos imigrantes japoneses, passou a comercializar o produto. Nas muitas viagens realizadas para vender o café, conheceu sua esposa, Arlete Miranzi, descendente de italianos, em Uberaba, Minas Gerais.

Teve um casal de filhos, mudou-se para Ipatinga, no interior de Minas Gerais e depois de algum tempo fixou residência Belo Horizonte, onde mora até hoje.

Foi nesse momento que, já morando no Condomínio Morro do Chapéu, no município de Nova Lima, passou a cultivar as suas cerejeiras, ou Sakura, em japonês. Em 1983, já aposentado, engajou-se ainda mais no cultivo das mudas. Aos 90 anos de idade, a sua paixão pela cultura japonesa e a gratidão pelo Brasil ter recebido tão bem a sua família, o movem, até hoje,  e impulsionam o seu desejo de espalhar sakura pelo Brasil.

 

A fotógrafa Joana Moreira

Nascida em Belo Horizonte, em 1979, Joana Moreira se encantou com a fotografia aos 9 anos, quando ganhou do pai sua primeira câmera fotográfica. Aos 17, ao aventurar-se pela Austrália, fez seu primeiro curso na área. De volta ao Brasil, enquanto cursava Publicidade e Propaganda, teve a oportunidade de participar de um projeto cultural e realizar sua primeira exposição, “Cores da Bahia”, em 2000, e descobrir, assim, seu verdadeiro ofício: fotografar.

Desde então vem realizando exposições coletivas e individuais, se deparando diversas vezes com a temática das flores, como na “Ventos do Sul”, em 2008. Em 2001, Joana lançou o livro “Dos Habanas”, em parceria com o poeta cubano Felipe Chibas, e, em 2014, foi vencedora do concurso Paisagens Mineiras, do jornal Estado de Minas, na categoria Instagram.

A paixão pela fotografia é um traço de família. Há quase quatro anos, Joana se reencontrou com o tio-avô Assis Alves Horta, renomado fotógrafo de Diamantina (MG), após assistir ao curta metragem sobre sua carreira: “Assis Horta – O Guardião da Memória” (2012), da Nitro Imagens. Tendo se tornado grandes amigos, Joana e o tio-avô vêm trocando arquivos e experiências e fazendo planos para projetos conjuntos.

Amante da natureza, a fotógrafa dedica parte do seu tempo para registrar suas incríveis cores, origens e elementos.

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Atendimento acessível sob demanda, mediante disponibilidade da equipe.

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