A construção da imagem do colecionador de arte

A construção da imagem do colecionador de arte

Os colecionadores de arte podem ser movidos por diferentes razões: o apelo estético das obras, questões sociais e políticas ou mesmo a pura e simples paixão. Sejam quais forem os motivos, o colecionismo é encontrado em várias sociedades. 

Quando essas coleções reúnem obras de arte, elas ganham outra dimensão simbólica, em uma rede complexa, que promove discussões sobre os desejos dos colecionadores e as conexões que podem ser criadas a partir dos itens colecionados. “O caminho pensado pela curadoria foi o da valorização de formas de experenciar a arte e a possibilidade de pôr em diálogo obras de arte que, por muito tempo, pertenciam à experiência individual”, destaca Rodrigo Vivas, curador da exposição. 

Para fomentar essas reflexões, a exposição recebe o visitante com um “Gabinete de Curiosidades”, que exibirá imagens e textos que discutem o desenvolvimento das coleções e a importância do colecionismo para a história da arte. Nesta primeira sala, será mostrado, por meio da expografia, como as pequenas coleções privadas foram precursoras da constituição dos museus, da organização das exposições, e ajudaram a formar os acervos públicos em todo mundo. 

Já na galeria principal, as obras compõem seis núcleos, que se interrelacionam: 

Diálogos íntimos com o espectador: dinâmicas do movimento 

Esse módulo apresenta um conjunto de esculturas, que ganha sentido a partir da experiência do visitante com as obras. Nomes como Bruno Giorgi, Marcos Coelho Benjamin e Franz Weissmann poderão ser apreciados por meio de obras que traduzem gestos e a construção das formas no espaço tridimensional. 

Desejo narrativo: narrativas simbólicas, étnicas e religiosas 

Aqui, são apresentadas obras com narrativas religiosas, alegóricas ou míticas, para além de aspectos formais. Artistas como Jorge dos Anjos, Maurino Araújo e Lêda Gontijo criam trabalhos em madeira – um material popular – e constroem diferentes sentidos com essas obras. 

Representações do visível: figurações 

Como representar o mundo visível? A partir dessa questão, muitos artistas, ao longo da história, usaram da figuração para representar seres e objetos, construindo espaços lúdicos e universos que pudessem ser reconhecidos por quem aprecia as obras. Esse módulo apresenta artistas como Chanina, Nello Nuno e Yara Tupynambá. 

Entre a razão e a imaginação: arte não figurativa 

Uma rede complexa de desenvolvimento da arte moderna constitui as bases da arte não figurativa. Os artistas abandonam a figuração e, aos poucos, condicionamentos históricos, religiosos ou mitológicos. Nesse processo, muitas obras se aproximam da música instrumental e da ciência, construindo diálogos sensíveis e permitindo inúmeras associações. O módulo é composto por obras de Amilcar de Castro, Tomie Ohtake e Farnese de Andrade, dentre outros. 

Desvelamentos e incorporação: pintura matérica 

A pintura matérica usa diferentes materiais para trabalhar a superfície de telas e, assim, criar pinturas com texturas. Se antes o suporte era percebido como elemento neutro, aqui assumem valores que impactam a composição e a estrutura da obra. Este módulo discute a relação entre suporte, representação e protagonismo da matéria, e contempla artistas como Mário Azevedo, Manoel Serpa e Amélia Toledo. 

Assimilações e hibridismos 

Quais são as fronteiras entre as modalidades artísticas? É possível rotular uma obra de arte? A partir da noção de campo expandido, a curadoria propõe reflexões sobre a definição das expressões artísticas e o processo de hibridização das obras. Serão apresentados artistas que exploram o atravessamento de linguagens e técnicas, como Marco Túlio Resende, Roberto Vieira e Marcos Coelho Benjamin. 

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