Texto curatorial

Na instalação “Entre o sono e a vigília”, cada uma das 7 obras está em relação as demais. Algumas delas foram recolhidas das ruas, do cotidiano e resignificadas pela apropriação. É visível a atenção ao formalismo, como técnica, materialidade nas camadas densas e quebradiças da parafina preta que as encobre. A ação do derretimento desfaz os limites entre pintura, escultura, performance e vídeo. Entre o difuso e o alerta, os objetos de Gavião ecoam não-objetos.

No seu fazer poético, além do elemento material, originário de sua formação em escultura, há também o desejo de explorar um percurso cósmico sem definição. Velas comunicam com o invisível. Neste estado de torpor lúcido, a cor preta triunfa, evocando mistério e o reconhecimento da impermanência.

A beleza americana da dança do saco plástico que sobrevoa os céus nos lembra que o universo está em constante movimento, em um fluxo de energia divina que se manifesta em todas as coisas.

Ian sabe que abriga os opostos dentro de si. “Entre o sono e a vigília” é obra de um iniciado, acessa caminhos de vida e morte por meio de uma iconografia pessoal.

Bendigedig fyddo’r ffyrdd.
Abençoados sejam os caminhos.