CASA FIAT DE CULTURA INAUGURA “ENQUANTO AGUARDAVA A SOLIDÃO”, EXPOSIÇÃO QUE TRAZ UMA REFLEXÃO POÉTICA EM IMAGENS DO COTIDIANO
Artista sul-mato-grossense Alice Yura registra efemeridades que falam sobre tempo, ausência e espera
A solidão, muitas vezes, se revela nos detalhes: na cama desfeita, no travesseiro fora do lugar, na luz que atravessa as frestas. É nesse território íntimo e silencioso que a artista sul-mato-grossense Alice Yura apresenta a exposição inédita “Enquanto aguardava a solidão”. Em cartaz na Casa Fiat de Cultura entre os dias 6 de maio e 29 de junho, a mostra traz cinco séries fotográficas que nascem do cotidiano íntimo da artista, revelando fragmentos de um tempo suspenso em que a casa e o corpo tornam-se territórios de sensibilidade e reflexão. A exposição foi escolhida no 7º Programa de Seleção da Piccola Galleria e terá sua abertura marcada por um bate-papo com a artista, seguido de visita mediada pela galeria, no dia 6 de maio, às 19h, na Casa Fiat de Cultura. Toda a programação é gratuita.
Com obras produzidas a partir de 2021, a exposição parte de um recorte temporal que atravessa o período da pandemia — momento em que a reclusão intensificou as experiências de solidão e transformou o ambiente doméstico no centro da vida. As imagens registradas por Alice, muitas vezes borradas ou sobrepostas, registram cenas corriqueiras. A partir daí, a artista constrói uma narrativa visual que é profundamente pessoal e, ao mesmo tempo, reconhecível pelo outro.
Natural de Aparecida do Taboado (MS), Alice Yura desenvolve uma produção centrada na articulação entre arte e vida. Seu trabalho investiga temas como identidade, alteridade, vulnerabilidade, intimidade, gênero e permanência, sempre a partir da experiência vivida. “Ainda que meus trabalhos possuam registros biográficos, meu interesse não é fazer uma autobiografia. É mais sobre o atravessamento entre o que sou e o mundo”, explica Yura.
Embora seja uma artista trans, Alice não coloca essa identidade como ponto central da sua narrativa. Em vez disso, cria pontos de conexão com o espectador a partir de objetos e situações simples, como um canto de casa ou a desordem deixada por alguém que ali vive. Sua obra propõe, então, um espaço de identificação no qual o íntimo e o coletivo se entrelaçam. “São documentações do sensível, que qualquer pessoa pode se identificar”, reflete a artista.
Entre as obras em exibição, “Anônima II”, composta por dois autorretratos borrados, em grande formato, que indicam que algumas coisas estão para além do que a gente consegue ver. A obra que dá nome à exposição, “Enquanto aguardava a solidão”, apresenta 31 fotografias dispostas como um calendário do mês de janeiro, registrando a passagem do tempo em pequenos gestos. Já em “Estive sonhando com você”, um travesseiro flutua no espaço, como metáfora de um amor ausente. Com sutileza, Alice Yura transforma imagens do cotidiano em reflexões sobre o tempo, a espera e a solidão. “A gente está sempre aguardando o outro. Mas quando é que a gente se aguarda?”, questiona a artista.
“Enquanto aguardava a solidão” é um convite à contemplação. Um tempo de pausa para que cada visitante reflita sobre sua própria relação com a espera, o cotidiano e a solidão — não como ausência, mas como condição comum à experiência humana”, completa a curadora Ana Carla Soler.
A exposição “Enquanto aguardava a solidão” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Stellantis, da Fiat, copatrocínio da Stellantis Financiamento, do Banco Stellantis, do Banco Safra e da Sada. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas e do Programa Amigos da Casa.
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Tel: +55 (31) 3289-8900
Horário de funcionamento: terça a sexta-feira, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Visitas agendadas sob consulta
TODA PROGRAMAÇÃO DA CASA FIAT DE CULTURA É GRATUITA
Atendimento acessível sob demanda, mediante disponibilidade da equipe.
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