CASA FIAT DE CULTURA ABORDA AS POSSIBILIDADES DO IMAGINÁRIO NA EXPOSIÇÃO “A TERCEIRA MARGEM”, EM CARTAZ NA PICCOLA GALLERIA
Na mostra, o artista Henrique de França cria imagens e cenários oníricos com a técnica do desenho
Quais histórias um conjunto de imagens pode formar? Em “A Terceira Margem”, nova exposição da Casa Fiat de Cultura, o artista Henrique de França apresenta 7 obras em lápis sobre papel que reconstroem a realidade a partir da justaposição de imagens antigas e oníricas. Figuras humanas e paisagens comuns convidam o visitante a explorar as diversas possibilidades do imaginário e a criarem suas próprias narrativas a partir do que é visto na tela. A exposição “A Terceira Margem” fica em exibição de 7 de fevereiro a 16 de abril, na Piccola Galleria. Na abertura, será realizado um bate-papo online com o artista, no dia 7 de fevereiro, às 19h, com inscrições gratuitas pela Sympla.
Para criar seus trabalhos, Henrique escolhe fotografias antigas, de forma aleatória e sem qualquer relação sentimental com as imagens, e, a partir daí, reconfigura os elementos que, posteriormente, servirão de inspiração para os desenhos. As figuras – bastante comuns nas pequenas e médias cidades brasileiras – ganham ares fantasiosos, tanto pela técnica empregada, quanto pelo resultado final: sobreposições insólitas, que parecem nascidas de um estado de consciência que transita entre o desperto e o mundo dos sonhos. “Cada desenho carrega uma série de questões e leva o visitante a buscar suas próprias respostas. As imagens não precisam fazer um sentido imediato, mas instigar os visitantes a refletirem sobre diferentes narrativas, que se cruzam com a história de cada um”, analisa Henrique de França.
Ao recriar essas fotografias por meio do desenho, o artista investiga a identidade brasileira, suas histórias e costumes, cruzando a memória individual e a coletiva a partir do que é registrado pelas lentes. Os trabalhos também têm diálogo íntimo com a linguagem cinematográfica, uma vez que cria cenas – de forma semelhante a um storyboard – e interações artificiais entre os objetos e as pessoas.
O nome da exposição é uma clara referência ao conto “ A terceira margem do rio”, de João Guimarães Rosa. Essa importante e poderosa metáfora resume a busca humana de residência fixa em solo de fluxo constante. Enquanto o personagem do conto busca a sua terceira margem ao abandonar toda a família e passar a vida em um canoa, sem nunca mais saltar, Henrique de França navega entre as fronteiras da normalidade e do espanto, entre o sentido e o não-sentido. Assim como na obra de Guimarães, a mostra leva o público por um percurso cheio de perguntas e lacunas que podem ou não ser completadas pelo espectador.
O professor de Filosofia e História da Arte, Ruy Luduvice, que assina um dos textos da exposição, aponta que os trabalhos se apresentam, ao mesmo tempo, inquietantes e familiares. “Mas são esses opostos que se contrapõem em jogo que constrói os desenhos e nos convida para a região almejada pelo artista, a terceira margem”, observa.
A mostra “A Terceira Margem” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério do Turismo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Fiat e do Banco Safra, e co-patrocínio do Banco Fidis e da Brose do Brasil. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas e do Programa Amigos da Casa.
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