Texto curatorial

Entre os cheios e os vazios, as formas de Mozileide dialogam com as linhas retas e os planos ondulantes de Lygia Clark (1920-1988), com as ideias livres e experimentais de Lygia Pape (1927-2004) e a sensibilidade geométrica de Maria Leontina (1917-1984). Seja com os olhos ou com as pontas dos dedos, somos convidados a ler, investigar e descobrir as inúmeras variáveis da forma da artista multidisciplinar Mozileide Neri. A colagem como técnica, nos apresenta uma vasta representação de possíveis formatos figurativos e abstratos, produzidos a partir da utilização de cores reaproveitadas de embalagens de diversos produtos, impressas sobre papéis de gramaturas altas. É possível reconhecer os retângulos, quadrados, triângulos e semicírculos. As configurações não definidas, inventivas, orgânicas e irregulares nos provocam a criar outras percepções sobre elas. É preciso percorrer cada tonalidade, perceber as modulações. É necessário variar o olhar. Os limites visíveis e invisíveis da pequena moldura de MDF nos incentivam a imaginar outras possibilidades de leitura. Uma experiência estética singular, a geometria deixa de ser uma forma padronizada, ganha outras perspectivas de comprimento, área e volume.

Em A forma como variável, as inconstantes superfícies, estão abertas, entremos, sem pressa de sair.