O Quartas Italianas na Casa Fiat de Cultura traz a filósofa e professora Imaculada Kangussu para palestrar sobre a construção do mito São Francisco
É grande o repertório histórico relativo a Francisco de Assis. Há algumas histórias comprovadamente verídicas, outras verossímeis e, em número ainda maior, histórias inverossímeis, provavelmente inventadas. Para falar sobre este assunto, a filósofa e professora Imaculada Kangussu irá palestrar no próximo Quartas Italianas na Casa Fiat de Cultura, a ser realizado no dia 10 de outubro, das 19h30 às 21h. Kangussu abordará o tema “Francisco: Realidade e Fantasia”, destacando o papel da fantasia na determinação do mundo real. A palestra tem entrada gratuita, com espaço sujeito à lotação (200 lugares).
Histórias verídicas, verossímeis e inverossímeis. É com essa tessitura que são criados os tecidos dos mitos, segundo Kangussu. “No caso de Francisco de Assis temos um exemplo do que pode ser chamado de “mito genuíno”, expressão cunhada pelo filósofo Karl Kerényi para diferenciar os mitos considerados verdadeiros, isto é, aqueles produzidos a partir de pessoas reais e protagonistas de fatos memoráveis, daqueles criados com a finalidade de conduzir as massas”, assinala.
Nesta palestra, Imaculada Kangussu apresentará, em primeiro lugar, histórias reais e fictícias de Francisco e, em seguida, discorrerá sobre o entrelaçamento entre realidade e fantasia na composição dessas narrativas. “A tese condutora é a de que a fantasia tem uma função essencial nas determinações da realidade. Isto não significa que ‘tudo é fantasia’, e sim que, em tudo, há um variável e irredutível teor de fantasia”, explica a professora.
Para tanto, Kangussu apresentará o conceito de fantasia desenvolvido por Sigmund Freud e Jacques Lacan. O ato de fantasiar é interpretado, por Freud, como uma atividade mental ligada ao prazer, o que faz com que o fantasiar permaneça vivo, mesmo na consciência adulta. É o caso, por excelência, das manifestações artísticas, que permitem a expressão pública dos mais diferentes pensamentos. Lacan leva adiante as formulações freudianas e considera inadequado entender o fictício como irreal ou enganador, pois, para ele, é a fantasia que dá forma aos desejos que nos movem no mundo real.
A professora também elucidará como essas teorias podem ser diretamente aplicadas na interpretação da exposição “São Francisco na Arte de Mestres Italianos”, em cartaz na Casa Fiat de Cultura até 21 de outubro. Os episódios da vida de Francisco retratados na mostra se dividem entre fatos históricos – como o abandono das riquezas para uma vida de pobreza e frequentes jejuns – e fatos não comprovados – como o recebimento dos estigmas de Cristo e as visões de anjos –, passando por pinturas que extrapolam, ainda mais, a realidade – apresentando-o em companhia de outros santos que viveram em épocas diferentes da dele.
Desde 2015, o programa Quartas Italianas apresenta palestras gratuitas de especialistas em arte, história, música, cinema e literatura italiana, e mais de duas mil pessoas já participaram da iniciativa. O ciclo de palestras é uma parceria da Casa Fiat de Cultura, da Fundação Torino e do Consulado Italiano em Belo Horizonte, e uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, da Casa Fiat de Cultura, com o apoio da Fiat Chrysler Automobiles, Banco Fidis, Fiat Chrysler Finanças, Fiat Chrysler Participações, Banco Safra, Circuito Liberdade, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha), Governo de Minas e Governo Federal.
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