As obras

As obras

Nas 10 obras que apresenta na exposição, Grassino constrói uma dramatização da existência humana. Em um universo que desafia os estados de ânimo do espectador, que desorienta as percepções da realidade, seu trabalho inspira uma reflexão sobre a sociedade moderna, que vive entre o natural e o artificial, ou seja, entre o que é essencial à existência e as futilidades às quais nos prendemos. O individualismo e a influência da comunicação de massa são temas recorrentes em sua obra, por exemplo. Grassino escolhe utilizar materiais do cotidiano em sua produção artística como forma de refletir sobre a sociedade atual.

 

Grassino traz uma apresentação inédita da instalação Per sedurre gli insetti (Para seduzir insetos) para a exposição na Casa Fiat de Cultura, feita de tubo ondulado, cabos elétricos, cadeiras e lâmpadas; a peça termina com a irradiação de uma luz. A obra é uma metáfora sobre a sociedade moderna que se atrai e apega às futilidades na esperança de que isso resignifique sua existência, assim como insetos são atraídos pela luz, voam em torno às lâmpadas em um esforço inútil, pois a iluminação nada lhes oferece. Neste sentido, a instalação é a representação de uma armadilha para o ser humano e pode ser entendida como uma crítica ao consumismo.

 

Em 15 obras, Mainolfi traz elementos da natureza e da fantasia para a mostra, em incessante relação entre o real e o imaginário, criando um jogo de oposições intensas e provocativas que envolve o espectador. Nas peças estão presentes carac­terísticas estilísticas fundamentais do artista, tanto na escultura tridimensional como nas peças bidimensionais: a monumentalidade e a de­licadeza com a qual intervém na superfície, e uma busca por conexão com a natureza, como demonstra a frequente utilização da terracota como material artístico. O homem, por sua vez, é parte essencial da natureza e, por consequência, das reflexões do artista.

 

Terre nove (Nove Terras), obra projetada especialmente para a exposição, é composta por nove esferas de diferentes diâmetros feitas de terracota, e representa a descoberta de um novo mundo. A palavra “nove”, em italiano, é usada como um trocadilho para o numeral nove (pois são nove esferas) e uma expressão que era usada séculos atrás pelos colonizadores para “novas terras”. A peça simboliza o encontro de culturas e como nosso conhecimento se expande nessa interação social. Por isso, as esferas têm tamanhos diferentes, é um mundo que cresce quando encontramos novas terras.

 

Terre nove, 2017 (Mainolfi)

Assim como a utilização de materiais comuns, ambos têm o corpo como elemento constante em suas obras. Em 1976, durante experimentação dedicada ao conhecimento de si e ao “reflexo das origens”, Mainolfi realizou Alato, Cera e Brano, em que o molde de seu corpo vira forma e exprime o pensamento do artista. Entre 1995 e 1996, Grassino criou Pelle, e, em seguida, Zero, Semilibertà e Travasi, construindo um percurso sobre as carcaças da existência humana da atualidade. “O corpo é pensado como instrumento essencial para o conhecimento das imagens e da representação, como fonte indispensável para construir o objeto e fazê-lo sobreviver no tempo. A memória é, para Mainolfi e Grassino, o órgão de adequação do real, que pode transformar o real em possível e o possível em real”, explica o curador Alesssandro Demma.

 

A galeria foi dividida em duas partes, uma para cada artista, onde o público escolhe o percurso de visitação. É preciso que o espectador esteja imerso ora no mundo de Mainolfi, ora no de Grassino. O espaço ainda conta com nichos inicialmente fora do campo de visão, que só serão vistos no despertar da curiosidade do público ao andar pela galeria. As obras convidam o visitante a pensar e a sentir.

 

Com utilização magistral de materiais tradicionais e objetos comuns na produção artística, a exposição O Corpo da Matéria. A Matéria do Corpo. é uma investigação de Grassino e Mainolfi sobre a existência e instiga a memória como recurso de transformação de si e da sociedade. Dessa forma, “a mostra é um conjunto de corpos e matérias que criam memórias passadas, presentes e futuras; ela representa uma resistência da memória”, conclui o curador.

 

“Essa exposição é o fruto de quase dois anos de preparação. Obras que atravessaram o oceano para nos oferecer todo o seu vigor e nos contar – sem necessidade de acrescentar palavras – a força de nossa realidade. Dois homens diferentes, mas complementares. Dois artistas fortes e sensíveis. Dois incríveis narradores do nosso tempo, constituído de faltas e excessos, de luzes e sombras, mas, sobretudo, de corpo e matéria”, ressalta a Cônsul da Itália em Belo Horizonte, Aurora Russi.

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