A Peça do Grupo Galpão

A Peça do Grupo Galpão

O espetáculo Os Gigantes da Montanha, encenado pelo Grupo Galpão, com direção e concepção de Gabriel Villela, nasceu do desejo de levar a obra de Pirandello às ruas. O texto inacabado, que se tornou um dos maiores clássicos da dramaturgia do autor, relata o encontro da arte e do teatro com o mundo da fantasia e da imaginação. Fábula de contornos enigmáticos, a peça termina com a destruição da poesia pelo mundo pragmático dos gigantes.

A montagem do grupo, em sua estreia em Belo Horizonte, foi assistida por cerca de 40 mil espectadores, em seis apresentações, na Praça do Papa e no Parque Ecológico da Pampulha. A marca é única para eventos teatrais. De lá para cá, o espetáculo agradou a públicos diversos e circulou pelas cinco regiões do Brasil, de grandes centros a cidades menores, passando pelo vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e pela região do rio Tocantins, que vai de Palmas a Belém. Fiel a um teatro de repertório, o Galpão, até hoje, mantém o espetáculo em sua grade de apresentações.

Apesar de a peça ter sido escrita e reescrita por Pirandello, ao longo da década de 1930, ele morreu vítima de forte pneumonia em 1936, antes de finalizá-la. A cena final foi produzida a partir do diálogo entre pai e filho, no leito de morte. Para o Grupo Galpão, o fascínio de montar a fábula está em sua incompletude, que lhe atribui característica de obra aberta, e possibilita múltiplas leituras e interpretações. O texto foi uma escolha do diretor Gabriel Villela, para celebrar o reencontro com o Galpão, cuja parceria se iniciou em 1992, com Romeu e Julieta, seguida por A Rua da Amargura, de 1994.

A peça de Pirandello aborda a chegada de uma companhia teatral à vila governada pelo mago Cotrone. A condessa Ilse, uma das principais atrizes do grupo, quer representar A fábula do filho trocado a um grande público, e fora da vila. O mago não concorda com a ideia e convence os atores a atuar apenas para si mesmos. Por fim, são convidados, como espectadores, os gigantes da montanha – povo empreendedor, mas brutalizado pela força do pragmatismo –, que, na tragédia, acabam por massacrar os artistas.

A montagem, que começou abençoada por multidões em praças públicas e cumpriu aproximadamente 130 apresentações por todo o país, alça novos voos e se diversifica. O desejo é que o lançamento da HQ “Os Gigantes da Montanha” amplie ainda mais o alcance e o conhecimento, principalmente entre o público mais jovem, dessa obra tão instigante e ainda pouco conhecida de Pirandello”, ressalta o ator Eduardo Moreira em seu texto curatorial.

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